De Xiririca á Eldorado (O ciclo do Ouro que batizou “Eldorado”).
Eldorado é uma antiga lenda narrada pelos índios aos espanhóis na época da colonização das Américas e reporta a uma cidade cujas construções seriam todas em ouro maciço com tesouros em quantidades inimagináveis. Já a história da Estância Turística de Eldorado começa por volta de 1630, quando exploradores portugueses adentraram o rio Ribeira à procura de veios de ouro, metal que já tinha sido encontrado nas proximidades da Vila de Iguape. Os primeiros povoados, também chamados de arraiais de mineração, criados às margens do Ribeira, foram Ivaporunduva e Jaguary (dois vocábulos de origem guarani: o primeiro significa rio com muitas frutas ou de fartura e, o segundo, rio do jaguar, como era chamada a onça parda ou suçuarana). Em seguida, surgiram Sete Barras, Boa Esperança, Braço e Sant´Ana, a atual Iporanga (água bonita, em guarani). O ouro retirado dessas localidades era registrado num porto (atualmente a cidade de Registro, considerada a capital do Vale do Ribeira), fundido em barras e tinha descontado o quinto real na primeira "Casa de Fundição" do Brasil, também considerada a primeira "Casa da Moeda" brasileira, em Iguape.
Por volta de 1750 um outro povoado começou a se formar, cerca de 20km rio abaixo de Jaguary, hoje Itapeúna (pedra preta pontuda, em guarani). Era o povoado de Xiririca, de fronte à foz do ribeirão de mesmo nome, afluente do Ribeira. Xiririca (do guarani) é onomatopéica, pois refere-se ao som que a água dos ribeirões produz quando atravessa uma corredeira.
Em 16 de janeiro de 1757, os irmãos Veras, importante família de colonizadores, doaram duas casas, em Xiririca, para a construção de uma capela. No dia 8 de setembro do mesmo ano, a capela recebeu a imagem de Nossa Senhora da Guia, que passou a ser a padroeira do lugar. Xiririca pertencia politica e eclesiasticamente à Vila de Iguape. Em 13 de janeiro de 1763, Xiririca passou à categoria de Freguesia.
Após a ocorrência de duas grandes enchentes, em 19 de janeiro de 1807 e em 28 de janeiro de 1809, muito se discutiu sobre a possibilidade de transferência da capela e da freguesia de local. Depois de muitos conflitos em torno da mudança, entre 1816 e 1834, finalmente, em 10 de março de 1842, o Barão de Monte Alegre, presidente da província, assinou a lei que elevou Xiririca à categoria de vila (equivalente atualmente a município).

Quando comemorou seu centenário, em 1942, Xiririca tinha cerca de trinta mil habitantes, sendo dois mil na zona urbana. Seis anos depois, seu nome foi alterado para Eldorado, mudança inspirada pela corrida do ouro, assim como nas cidades vizinhas de Sete Barras (sete barras de ouro foram descobertas ali) e Registro (era lá que o ouro era registrado).
A mudança de nome foi em 24 de dezembro de 1948, o nome Xiririca foi substituído por Eldorado Paulista, em alusão ao período do ciclo do ouro. Na época, outros nomes foram sugeridos como “Miraluz” e “Formosa do Ribeira” mas, Eldorado acabou sendo o escolhido.
O ouro de Ivaporunduva: Uma imersão na Cultura Brasileira de raíz africana
Ivaporunduva: terra de muitos frutos, também foi a matriz do ouro muito antes de Xiririca.

Ivaporunduva teve os seus dias de glória no tempo do ouro. Contam que, nos anos coloniais, foi encontrado nessa localidade um pedaço de ouro, uma pepita melhor dizendo, que tinha o tamanho e o formato de uma cabeça de macaco. As dimensões e o valor dessa pepita despertaram a cobiça de um jovem, filho de um dos principais mineradores da região, que roubou o valioso minério, causando com a sua atitude violentos e dramáticos conflitos.
Diz-se também que um casal de escravos trouxe dos sertões outro pedaço de ouro em forma de coração, bem como muito ouro em pó e pedaços de prata.
Em Ivaporunduva, segundo afiançam as tradições locais, quando havia festa no arraial, as mulheres compareciam todas com o cabelo dourado pelo ouro em pó.
(Recortes do texto do Jornalista Roberto Fortes para o site “O Vale do Ribeira”).